terça-feira, 31 de janeiro de 2017

O Pianista - Sugestão de Filme

   Hoje as Bibliotecas Escolares trazem outra sugestão para conheceres um pouco mais sobre o Holocausto

   O filme "O Pianista", de Roman Polanski, relata a história verídica de Wladyslaw Szpilman na cidade de Varsóvia, na Polónia, durante a II Guerra Mundial. 


     Varsóvia foi ocupada pelas tropas alemãs que lançaram uma perseguição impiedosa contra a população de origem judaica. Desprovidos dos seus empregos, das suas casas e de todos os seus bens, os judeus foram obrigados a viver numa parte da cidade  - o Gueto de Varsóvia. 

   A partir de julho de 1942, os nazis começaram a enviar os judeus para campos de extermínio. Szpilman, à época um pianista brilhante, é o único da família que consegue escapar à deportação. Passa então a viver escondido na cidade. Quando o sofrimento e a humilhação parecem não ter fim, surge uma esperança...  

    


O filme "O Pianista" baseia-se no livro com o mesmo título, 
escrito por Wladyslav Szpilman.
          

Uma história de sobrevivência, coragem e esperança que não vais esquecer!



segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Sobre o Holocausto - Nanette Blitz Konig



Sobrevivi ao Holocausto

Nanette Blitz Konig

20/20 Editora

1ª edição

Novembro 2010


         “Infelizmente, não existe o botão «Delete» na minha mente. Gostaria de poder apagar o que vi e vivi e, especialmente, a sensação de sofrimento.(…) Mas depois, penso: de que me adiantaria esquecer? O que ganharia com isso? Paz? Talvez, mas uma paz falsa, uma paz cega, pois sei que esquecer é permitir que outros, nos nossos piores pesadelos, também possam passar por isso.” (pág.9)


         “Nunca mais acontecer… O tempo escorre entre os nossos dedos. O Holocausto distancia-se cada vez mais, mas, ainda assim, temos de mantê-lo sempre presente. É triste, mas o mundo ainda sofre tanto com guerras… Vou morrer a lutar para que outros seres humanos não sofram nem percam a sua dignidade, como aconteceu com os judeus naquela época, como aconteceu comigo. A necessidade de contar essa história nasce da necessidade de consciencializar o mundo. ” (pág.169)

        Nanette nasceu a 6 de abril de 1929, em Amesterdão.

      A sua vida muda radicalmente, numa manhã de setembro de 1943, quando batidas violentas na porta da frente, anunciam que é a vez da sua família abandonar a casa para ser transportada para o campo de trabalho (ou para um campo de extermínio -só saberiam para qual quando chegassem ao destino).

      O pai, Martjin, a mãe, Helen, o irmão, Bernard, de 16 anos, e ela própria, eram, obviamente, judeus (ainda que não muito cumpridores dos preceitos religiosos do judaísmo) e, por serem judeus, teriam de morrer “Um dia, sem termos cometido nenhum delito, eu e a minha família fomos enclausurados e isolados da sociedade. Esse destino é reservado somente aqueles que não conseguem viver em comunidade. Que crime teríamos cometido para estar ali? Ser judeu tornou-se um crime, e nós iríamos sofrer por isso” (pág.73) – da sua família Nanette é a única que sobrevive…quando o campo de Bergen-Belsen é libertado pelas tropas inglesas, Nanette tem 16 anos, pesa 31 quilos, está viva e completamente sozinha…



Nanette, aos 86 anos, na sua casa no Brasil
O livro fala-nos das doenças, dos maus tratos, das humilhações, das inexistentes condições de higiene, da desumanização e do MEDO, da PERDA, da ANSIEDADE. Relata-nos as experiências que Nanette viveu, o que observou e também o que foi ficando a saber ao longo dos anos que passaram (talvez em contacto com outros sobreviventes e o que a História registou). Em todo o seu relato existe a emoção própria de quem sobrevive sem conseguir perceber porquê (para conseguir aceitar que seja parte de um tão ínfimo grupo de pessoas com “sorte”).
Foram necessários cerca de 70 anos para que Nanette conseguisse passar a escrito este relato das suas memórias sobre o que viveu entre 1940 (altura em que as tropas alemãs chegam à Holanda) e 1945 (final da 2 Guerra Mundial).
 
1º a segregação: as crianças judias são obrigadas a abandonar as escolas públicas e só têm autorização para estudar em locais só para judeus. Será no Liceu judaico que conhece Anne Frank que voltará a encontrar, ainda que por breves momentos, no campo de concentração.
Anette no Liceu Judaico

        
   “Já não podia andar de bicicleta. Transportes públicos, parques públicos e cinemas também eram proibidos, e vários estabelecimentos comerciais exibiam a placa que tanto me angustiava: PROIBIDO A JUDEUS. De modo a poder frequentar os poucos lugares a que estávamos autorizados a ir, era necessário usar a Estrela de David amarela que nos identificava como judeus, algo que fazia com que eu me sentisse extremamente vulnerável. Além disso, os judeus não podiam ser proprietários de nenhuma empresa ou mesmo exercer as suas profissões.” (pág.23)


2º os desaparecimentos: Nanette apercebia-se de que, de um dia para o outro, muitos amigos e conhecidos simplesmente desapareciam – se fugiam, se se escondiam ou se eram deportados, isso não se sabia ao certo.

3º o campo de transiçãoWesterbork: a família de Nanette integrava uma espécie de lista
Campo de Westerbork
de “privilegiados”, a Lista Palestina, que os isentava de usar a tão conhecida roupa às riscas ou de ter o cabelo cortado/rapado.
A que se devia este privilégio? Antes da ocupação nazi, o pai de Nanette, era um dos diretores do Banco de Amesterdão, posição de grande destaque que lhe valia agora, quando aprisionado pelos alemães, poder ser utilizado, como uma espécie de moeda de troca, por prisioneiros alemães.
Aí permanecem 4 longos meses…


4º o campo de Bergen-Belsen: a 15 de fevereiro de 1944 o comboio, onde são obrigados a embarcar, leva-os a Bergen-Belsen 
Campo de Bergen-Belsen
       “A vida num campo de concentração está para além do compreensível. (…) Muitas vezes, nem quem passou por isto sabe exprimir o que vivenciou, lutando para esquecer qualquer vestígio desses tempos.” (pág.73)
      O pai morre, desnutrido, cansado, maltratado, vítima de um fulminante ataque de coração.
     A mãe é transferida para Magdeburgo onde morrerá.
     O irmão é transferido para o campo de Oranienburg. Morrerá também.

5º a libertação: “Assim que os libertadores chegaram a Bergen-Belsen, deram-lhe o nome de «The Horror Camp» ou «O Campo do Horror». A desumanização daqueles que ainda lá viviam era tão grande que era impossível de os classificar como sobreviventes” (pág.141,142)
       Quando finalmente se inicia a libertação do campo, centenas de prisioneiros continuam a morrer, mortes devidas à doença e ao estado de desnutrição dos organismos que agora não conseguem aguentar os alimentos que lhes são dados.
       Um destaque especial para a sua preocupação em relatar-nos o que é preciso ainda fazer antes que possa iniciar-se a evacuação – é importante que se compreenda que não foi apenas abrir os portões e deixar cada um regressar às suas casas; os ex-prisioneiros não estavam sequer em condições de caminhar; as suas “casas” já não eram suas; a maior parte das pessoas eram, nesse momento apátridas; o caminho para a “liberdade” era ainda muito, mas muito, longo e penoso…O sofrimento não cessou no exato momento em que os alemães entregam o campo aos ingleses, o sofrimento permanece, a degradação física é indescritível, as marcas psicológicas permaneceram sempre!
        “Depois do campo de Bergen-Belsen ter sido incendiado e fechado, uma placa foi afixada na entrada: «Dez mil mortos foram encontrados aqui, outros treze mil morreram desde então, todos vítimas da nova ordem alemã na Europa e um exemplo da cultura nazi».” (pág.156)
A placa na entrada de Bergen-Belsen
6º a vida de uma sobrevivente: nas suas próprias palavras “Como iria sobreviver sozinha e sem dinheiro nem mundo que não era nada cordial com os sobreviventes do Holocausto?” (pág.169)


Foto da autora http://www.vogais.pt
Fotos de Bergen-Belsen  http://www.holocaustresearchproject.org/othercamps/bbelsen.html